sábado, 26 de julho de 2008

Lúcia Moniz

Lúcia Moniz


Lúcia Moniz nasceu a 9 de Setembro de 1976, em Lisboa e, por ser filha de dois músicos, Carlos Alberto Moniz (famoso maestro açoreano) e Maria do Amparo, esteve ligada à música desde muito cedo, e logo aos seis anos de idade frequentou a Academia de Música de Santa Cecília, iniciando, aos catorze, os seus estudos de piano e violino.

Porém, Lúcia nunca gostou da ideia de viver à sombra dos pais. Desde sempre muito independente, após completar o sexto ano de formação musical, viajou aos Estados Unidos, especificamente a Minnesota, para estudar na Eden Pairie High School, onde entrou para o concert choir vocal da escola; apresentou toda a classe à música portuguesa e ao fado, e logo o coro já cantava algumas canções em português. Mais tarde, viria a receber o prémio de melhor compositora do colégio, pelas peças de sua autoria que efectuou durante o ano lectivo.

Ao regressar a Portugal, tirou um curso de design, uma vez que gosta muito de desenhar, mas, devido à crescente quantidade de solicitações musicais, findou por abandoná-lo. A menina, naquela altura com dezoito anos, participou então com regularidade em produções discográficas e televisivas, descobrindo daí o seu lado de actriz.

Lúcia era ainda bastante desconhecida em Portugal quando, aos 19 anos, participou no Festival RTP da Canção com o tema O Meu Coração Não Tem Cor inesperadamente chegando à final, ocorrida a 7 de Março de 1996 e, por fim, vencendo o concurso por apenas quatro pontos além da segunda colocada. Sobre o evento ela conta: "Depois da experiência de ansiedade em pisar o palco, soube que era por aí que tinha de seguir".

Como premiação, além do tradicional ramo de flores, foi-lhe dado representar Portugal no Festival da Eurovisão (que outrora revelou artistas como o grupo nórdico ABBA). Moniz levou para casa um surpreendente sexto lugar (dentre 23 concorrentes), a melhor colocação portuguesa em toda a história do festival. No entanto, apesar de tal facto, a canção permaneceu relativamente desconhecida em Portugal.

Após sua boa prestação no Eurovisão, o público, assim como a crítica, receberam-na, de volta à casa, com louvor; Lúcia daí seguiu carreira no teatro e nas telenovelas, e tornou-se deveras conhecida em terras lusas. Participou, por exemplo, na peça Leonardo, Barbette, Leo e os Anjos, de cuja música foi co-autora, juntamente com João Henriques.

Somente em 1999, porém, saiu o seu primeiro registo discográfico, entitulado Magnolia, por ser o nome da localidade estadunidense onde foi gravado, o qual inclui ritmadas canções pop de estilo completamente diferente de sua interpretação no Eurovisão, em português e em inglês.

O álbum encerra em si um raro sentido estético, dentro dum estilo, que aliás é já mui próprio, de altíssima qualidade pois a escolha dos temas não foi conseqüência do acaso, mas sim fruto duma recolha lenta e trabalhosa de longos três anos.

No disco, Lúcia Moniz revela todo o seu talento como compositora e intérprete. Magnolia viria a ter na carreira da jovem uma influência que ultrapassaria a popularidade conquistada pelo CD, pelo facto de a composição das letras em inglês e a produção (realizada no estúdio Seaside Rendez-Vous, em Boston, EUA) ter estado a cargo de
Nuno Bettencourt (guitarrista português que se tornou célebre na banda Extreme, e como o homem-de-frente dos Mourning Widows), um dos melhores músicos do mundo rock. Para Lúcia, foi um sonho tornado realidade: o entendimento entre os dois parece ter resultado na perfeição. O primeiro compacto chamou-se Dizer que Não, seguido de Try Again, um dueto entre Lúcia e Nuno, grande sucesso em Portugal e certamente tê-lo-ia também sido onde quer que houvesse sido lançado.

A obra Magnolia estabeleceu Lúcia como um nome dos mais promissores da música portuguesa, a saltar rapidamente para o topo das tabelas de vendas, rendendo-lhe disco de Ouro.

No ano seguinte, foi convidada a participar no álbum
Vinte Anos Depois - Ar de Rock, homenagem a Rui Veloso (possivelmente o maior nome do rock português), onde participaram nomes da música lusófona como Xutos & Pontapés, Ala dos Namorados, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Clã, Jorge Palma, o próprio Nuno Bettencourt, entre outros. Lúcia cantou Hold Me in a Decent Way, uma balada de pouco instrumental, mas muita alma.

Já 2002 foi o ano da consolidação da carreira da cantora, que então assumiu-se como roqueira ao regressar com novo álbum. De volta ao estúdio, novamente com Nuno (responsável desta vez não só pela produção, como também por arranjos e coros, além de tocar guitarra, bateria, percussões e teclas em practicamente todas as canções), Anthony J. Resta (programador de Duran Duran em faixas como Electric Barbarella), Joey Pessia, Carl Nappa, Matt Girard e Donovan Bettencourt (namorado dela), trabalharam duro, alcançando uma sonoridade que é um pouco mais pesada, a uma bela distância de seu trabalho anterior, tendo o disco finalizado em 67 dias. O álbum é, portanto, entitulado 67, e conta a canção
Asas na Mão como primeiro compacto, cujo videoclipe foi realizado por José Pinheiro.

67
é composto por dez temas, eminentemente rocks, escritos por Lúcia Moniz em parceria com autores como Jorge Palma (em Lá Fora Há Lugar), João Gil (em Carta Nua e Crua), Pedro Campos e também Maria do Amparo (mãe da cantora), em Dei-te Nome de Deserto. Lúcia assina ainda, pela primeira vez em sua carreira, a letra duma canção: Pensa em Mim. In My Dream, Simple test e So Tired são os três temas que interpreta em inglês, todos de letra da autoria de Nuno Bettencourt.

Em fins de 2003, após se devotar à divulgação do segundo álbum, Lúcia estrelou a comédia romântica Love Actually ("O Amor Acontece", em Portugal e "Simplesmente Amor", no Brasil), na qual também figuram os talentos de Hugh Grant, Liam Neeson, Rowan Atkinson, Laura Linney, Emma Thompson, Alan Rickman, Keira Knightley, Bill Nighy, Martine McClutcheon, Andrew Licoln, Billy Bob Thornton, Joanna Page, Kris Marshall, Martin Freeman, Thomas Sangster, o galã brasileiro Rodrigo Santoro e Colin Firth como Jamie, com quem a personagem de Lúcia, Aurélia, faz par num estranho relacionamento baseado na comunicação além das línguas, pois Aurélia só fala o português enquanto Jamie não. A longa-metragem foi dirigido por Richard Curtis, cujos trabalhos anteriores incluem dentre outros: Mr . Bean, Quatro Casamentos e um Funeral, Notting Hill, além de haver co-escrito Diário de Bridget Jones.

Conseguinte ao enorme sucesso mundial do filme, a musicista descobriu-se grávida e decidiu dar um tempo à sua vida pessoal enquanto prepara composições dum terceiro disco, recolhendo-se à Ilha Terceira, nos Açores, para dar à luz seu primeiro rebento, que recebeu por nome Júlia Moniz, nascida a 8 de Junho de 2004, filha de Donovan.

Lúcia ainda é tanto actriz como cantora e a sua fama em Portugal e no mundo é sem dúvida destinada a crescer.


Aqui fica o vídeo que conquistou a Eurovisão em 1996:



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